Os gastos com transporte rodoviário subiram 12%
após o governo adotar a tabela de preços do frete como parte do pacote de
medidas que encerrou a paralisação dos caminhoneiros, que durou 11 dias e
provocou uma crise de abastecimento no País. A informação é de um levantamento
inédito realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 688
empresas.
Além de pagar mais caro pelo transporte de seus
produtos, a indústria também viu aumentar o custo do matéria-prima. Por conta
do tabelamento, os insumos estão, em média, 7% mais caros. "Tudo isso leva
à pressão pelo aumento do preço do produto final, ou seja, haverá impacto para
o consumidor", disse o gerente-executivo de Política Econômica da CNI,
Flávio Castelo Branco.
Se a constitucionalidade do tabelamento for
confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), numa discussão que será
retomada nesta segunda-feira com uma audiência pública sobre o tema, 60,5% das
empresas pretendem adotar um "plano B" para o transporte. A opção
preferida, apontada por 37,3% delas, é transferir a responsabilidade do
transporte para o comprador. A formação de frota própria foi apontada por
27,4%.
Um dado que chama a atenção é que, entre as
alternativas possíveis, 17,5% das consultadas podem suspender ou reduzir a
venda de produtos para determinadas rotas ou regiões. Isso porque o transporte
mais caro pode inviabilizar a comercialização de alguns produtos.
"Os fretes aumentaram em média 103% e isso
cria dificuldades para as empresas de sal", disse o vice-presidente do
Sindicato das Indústrias de Extração de Sal do Rio Grande do Norte, Aírton
Torres. O setor estima um prejuízo de R$ 30 milhões desde o início da greve.
Essa elevação acontece porque o sal era
transportado no chamado frete de retorno. Caminhões iam com outros produtos para
o Rio Grande do Norte e, na volta, traziam sal. Por isso, esse transporte era
mais barato. Mas, com o tabelamento, a figura do frete de retorno desapareceu.
"Não tem como diferenciar o frete de retorno dos demais", justifica o
ministro dos Transportes, Valter Casimiro.
O Rio Grande do Norte responde por 95% da produção
de sal do País. O transporte não está todo parado porque empresas recorreram a
navios e barcos, segundo o sindicato dos transportadores rodoviários do Estado
(Sindicam).
O setor mais duramente afetado pelo tabelamento,
porém, é o do agronegócio. Entidades do setor (Abiove e Anec) estimaram perdas
de R$ 500 milhões por dia durante a safra de soja. Na atual fase de colheita, a
do chamado milho safrinha, a perda chega a R$ 2 bilhões.
Para a economia como um todo, as perdas foram
estimadas em R$ 53 bilhões, segundo estudo elaborado pelo economista Armando
Castellar, da FGV.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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