Desde a década de 1970, a atenção às questões
psicológicas vêm se intensificando no Brasil e no mundo. Atualmente, estudos
apontam para a conexão entre o câncer de mama e a identidade feminina, não só
do ponto de vista pessoal, como no contexto do sistema familiar.
Afinal, existem conflitos emocionais que
desencadeiam o câncer? Na verdade, estudos recentes mostram que a origem da
doença é multifatorial, ou seja, inúmeros fatores combinados podem explicá-la.
Eu proponho aqui a uma reflexão acerca de um deles, referente à minha área de
atuação.
O conflito emocional
representa um nó interior que a pessoa precisa resolver, já que essa confusão
produz um bloqueio inicialmente invisível, mas que ao longo de um período de
tempo passa a ser visível nos relacionamentos interpessoais e também no corpo,
a partir de doenças.
Após o diagnóstico do câncer de mama, o
acompanhamento psicológico se torna fundamental. Nesse momento, os parentes
próximos e amigos, além de não terem conhecimento suficiente da evolução e tratamento,
ficam bastante impactados e muitas vezes amedrontados, o que pode não ajudar.
Uma vez na psicoterapia,
a mulher pode expor livremente suas angústias, medos e incertezas frente ao
câncer e também à cada etapa do tratamento. Nesse momento tem a oportunidade de
buscar e solucionar conflitos emocionais, que antes estavam encobertos,
inconscientes e que podem atrapalhar a evolução para a cura.
É importante compreender que o tratamento do câncer
é sistêmico, isto é, possui várias técnicas e procedimentos. Na psicoterapia,
trabalha-se, por exemplo, com os lutos ao longo do próprio tratamento gerado
pelas limitações, mudanças de aparência física, oscilações de humor, perda
temporária de autoestima, entre outros conflitos.
O leque de possibilidades para o tratamento
psicoterápico neste caso é muito grande hoje, com uso de técnicas que vão além
da escuta ativa. Pode-se utilizar hipnose, EMD, técnicas de visualização,
terapia sistêmica familiar, entre outras. Associadas ou não, elas trazem uma
gama de possibilidades de abordar as demandas de formas diferentes.
A psicoterapia mostra-se eficaz como coadjuvante no
tratamento do câncer de mama porque é um tipo de doença que afeta o feminino,
que é se sentir mulher, ter um corpo feminino, ter seios, ser sensual, capaz de
despertar prazer e envolver-se em uma relação sexual. Também diz respeito ao
sentimento em relação à maternidade (a própria ou a da mãe).
Segundo os estudos do cientista Moorey, de 25% a
35% das mulheres com câncer de mama desenvolvem ansiedade e/ou depressão em
algum estágio do tratamento, o que pode piorar o quadro. Diante disso, é
importante refletir sobre a importância da intervenção psicológica durante
diagnóstico e tratamento do câncer de mama.
Nem todas as pessoas se sentem prontas para olhar
para suas questões e conflitos emocionais. Mas adotar uma postura proativa
diante deste acontecimento, ainda que ele seja temido por grande parte de nós,
pode resultar em um processo muito mais rápido no restabelecimento da paciente
e também da própria família. Ter um profissional auxiliando a enfrentar esse
momento é fundamental.
No Outubro Rosa, espero ter plantado uma semente a
respeito do tema. Outro alerta importante: essa é uma doença que pode afetar a
todas nós, em qualquer fase da vida. Inclusive há cada vez mais mulheres jovens
com câncer de mama. Mais que refletir, priorize os cuidados consigo mesma e com
a sua saúde!
Dulce Figueiredo é psicóloga e pedagoga, com especialização
em terapia de família sistêmica, MBA Gestão de Recursos Humanos,
@psicologadulcefigueiredo, dulcefig@gmail.com
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