Neste domingo que passou a democracia brasileira superou
com galhardia seu maior desafio dentre os colocados no perigoso circuito de
grandes obstáculos previstos para este ano de 2018. Ainda será longo o trajeto
rumo à consolidação democrática brasileira retomada em 1988 e simbolizada no
Monumento à Democracia aqui em Cuiabá por uma aguerrida águia de bronze alçando
voo. Conforme avaliado em artigo recente, ao longo destas 3 décadas a águia vem
seguindo em seu voo aos trancos e barrancos, alvejada à direita e à esquerda,
por cima ou por baixo, mas resistindo e sempre avançando.
Agora supera mais um grande desafio com a
realização das eleições para presidente da República, que temi não acontecer,
importante e difícil etapa do processo eleitoral ainda a ser concluído, é bom
lembrar, com a posse dos eleitos. Esta foi a primeira eleição de fato,
verdadeira, vivida por mim em quase 70 anos de vida. Nunca vi tamanho interesse
em discussões que foram muito além de posições partidárias, de peças
publicitárias enganosas, mas abordando de forma muitas vezes dolorida questões
fundamentais para cada cidadão e para uma nação que se quer democrática.
Infelizmente foram bastante comuns brigas em família, entre colegas,
desligamentos irados de grupos de internet, etc. Mas o Brasil precisava passar
por essa catarse dolorosa e sofrida para escolher seu rumo entre os caminhos em
disputa.
Ainda engatinhamos como democratas e só agora
estamos aprendendo a conhecer e reconhecer, respeitar e incluir as diferenças
que cada um de nós cidadãos representamos. Ao invés de nos separar só a
inclusão respeitosa dessas diferenças consolidará o país como a verdadeira
nação livre e democrática desejada. Não dá para jogar debaixo do tapete, não
somos iguais. A Democracia é a melhor solução para se buscar a unidade
indispensável em meio a esta diversidade também indispensável. E nada a diminuir
o brasileiro por esta aprendizagem. A plenitude democrática é uma utopia
buscada mesmo sabendo que jamais será alcançada e, por isso, mesmo países com
mais tempo de vivência e aprendizagem democrática frequentemente dão escabrosas
escorregadas.
Aliás, a Internet e suas redes sociais fizeram a grande
diferença nestas eleições e com certeza está reinventando a democracia não só
no Brasil, mas no mundo, nivelando a todos. Começou nos EUA, porém no Brasil
mostrou todo seu potencial revolucionário dando poder ao cidadão,
arrancando-lhe o cabestro das mídias tradicionais com suas verdades e mentiras.
Com a internet e suas redes sociais o cidadão passou a ser sua própria agência
de notícias, produzindo ou multiplicando ele próprio suas notícias também
verdadeiras ou falsas, reduzindo a pó de traque as mídias tradicionais que
também precisarão se reinventar. A médio e longo prazo o cidadão livre para
buscar, produzir e compartilhar suas próprias notícias ganhou as eleições, de
ambos os lados em disputa. Como reagirá o stablishment?
O mais importante de tudo é que no domingo, dia da
votação, após todo período de tensão, o povo saiu às ruas em busca de suas
urnas de forma pacífica e tranquila dando uma demonstração de que o gene da
Democracia com “D” maiúsculo faz parte de sua constituição como cidadão. Depois
do voto, as praças, shoppings e parques estavam cheios em ambientes fraternais
e festivos. O Parque Mãe Bonifácia lotado me pareceu o palco máximo nessa
exaltação democrática. Famílias em piqueniques, caminhadas e corridas
individuais ou em grupos, brincadeiras entre pais e filhos, nada lembrava os
dias de debates acalorados, de angústia e apreensão que todos acabavam de
viver. Um exemplo para o mundo, motivo de orgulho para o
brasileiro.
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