O homem que por anos foi a garantia de segurança de Hugo Chávez
hoje é o grande trunfo de investigadores americanos para comprovar a corrupção
na Venezuela. Detido nos EUA no ano passado, Alejandro Andrade é considerado
peça-chave num inquérito internacional que busca dinheiro desviado pelo
chavismo.
Na
terça-feira ( 20-11-18) a Justiça dos EUA revelou a existência de um esquema
ilegal de câmbio que movimentou subornos de mais de US$ 1 bilhão na Venezuela,
hoje governada por Nicolás Maduro. Para que o sistema funcionasse, a corrupção
passou por Andrade, catapultado do posto de guarda-costas para o de chefe do
Tesouro Nacional.
A Justiça
americana prendeu Andrade no final de 2017 e fechou com ele um acordo de
delação premiada. Permitiu que ele permanecesse em prisão domiciliar, mas
exigiu colaboração total.
Além de
devolver avião, cavalos, relógios de luxo e propriedades, o venezuelano deu
informações que levaram os americanos a abrir inquéritos contra pelo menos 20
diretores e ex-dirigentes da PDVSA, a estatal do petróleo da Venezuela.
A Justiça
americana acredita que, com as informações de Andrade, pode descobrir quem eram
os principais beneficiários do esquema de corrupção.
O processo
nos EUA revela dezenas de transferências de milhões de dólares entre o banco
HSBC, na Suíça, e a aquisição de bens de luxo no mercado americano. Em março de
2013 foram transferidos da Suíça para os EUA cerca de US$ 281 mil para a compra
de um barco. No mesmo ano, foram gastos US$ 1 milhão para instalar um sistema
de segurança na casa de Andrade.
Os
investigadores suspeitam que o uso do banco na Suíça não é uma coincidência. A
partir de 2005, o governo de Chávez fechou um acordo para que a instituição
financeira em Genebra fosse a gestora do Tesouro. Em 2007, Andrade passou a
ocupar o cargo e a ter autoridade sobre as contas secretamente mantidas na
Suíça. Estima-se que essas contas possam ter acumulado US$ 14 bilhões.
Sua gestão no
Tesouro Nacional foi alvo de duras críticas. A oposição o acusava de negociar
com empresários o acesso ao mercado de câmbio em troca de propinas milionárias.
Ainda em 2008, em audiência parlamentar, Andrade foi denunciado por ter montado
o esquema financeiro com a compra de papéis da dívida de países como Bolívia e
Argentina. Ainda em 2009, agências reguladoras americanas passaram a investigar
as transações do Tesouro venezuelano.
Parte das
suspeitas foi confirmada nesta semana pela Justiça americana, que indiciou dois
empresários por pagamentos que movimentaram US$ 1 bilhão.
Andrade
deixou o Tesouro em 2010 e passou a presidir o Bandes, o principal banco
estatal venezuelano. O governo lhe fornecia uma unidade da Guarda Nacional
Bolivariana para que fizesse a proteção permanente de sua família e de sua
casa.
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2 comentários:
ddggd
Me gustó leerlo. ¡Gracias! Me gustan las mismas cosas aquí url
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