Nas obras da
codificação doutrina Espírita, como na Revista Espírita, percebemos que o que se
chama Espiritismo não se limita à escola francesa de Espiritismo, como
geralmente pensamos. Além de Kardec, outros nomes também desenvolveram
reflexões a partir das comunicações dos Espíritos, especialmente na Alemanha e
na Itália. Encontramos estas informações no livro A História do Espiritismo, de
Arthur Conan Doyle.
Chama-se Espiritismo,
na verdade, a todo o movimento doutrinário decorrente do que se denominou
“invasão organizada”, ou seja, uma série de comunicações mediúnicas que
assolaram a Europa e as Américas, no início do século XIX.
Mas graças ao seu
caráter científico, podemos afirmar que o Espiritismo não ficou pronto. O
movimento espírita continua acontecendo. Não falo do movimento das casas
espíritas, mas da ação dos Espíritos em favor da conscientização da humanidade. Este
movimento invade as igrejas, causando reformas, invade a ciência, quebrando
paradigmas, invade o mundo inteiro!
A Física Quântica, a
Psicologia Transpessoal, a Parapsicologia, as Experiências de Quase Morte, as
Terapias de Vidas Passadas, a Tanatologia, o Pensamento Sistêmico! Todos estes
conhecimentos convergem na transformação do homem. É um movimento que não
terminou com a codificação kardequiana. Esta foi apenas o começo de tudo.
E o que diz este
começo? O que há nesta Doutrina Espírita que pode fazer tanto bem à nossa vida?
De que se constitui esse tesouro?
O TESOURO
ESPÍRITA EM QUATRO SENTENÇAS
1. Concepção
coerente de Deus: O Espiritismo nos faz crer em Deus sem desafiar a
lógica. Primeiro, ele é concebido não como alguém, mas O Ser. É inexplicável
não porque não temos o direito de explicá-lo, mas por não caber em definições.
Deus é infinito. Como pode o ser finito compreender o infinito? Como você pode
imaginar uma cor que nunca viu? Você pode fazer ideia de que exista, até
concluir sua existência, mas não compreender o que está além da sua
compreensão. Como é que vocês acham que os cientistas descobriram outras
galáxias? Eles as viram? Não. Eles as deduziram por seus efeitos no Cosmos.
Assim também deduzimos Deus. Como deduzimos o átomo e tantas coisas que não
podemos ver, mas concluir racionalmente. Concluir a existência de Deus pode ser
racional, acreditem! Olhemos o universo e, pelo axioma de que não existe efeito
sem causa, sabemos que algo o originou. E sendo o efeito inteligente,
concluímos que a Inteligência o criou.
2. Concepção
multidimensional do homem: o homem é mais que o corpo. Há nele uma
consciência, que não é um epifenômeno da matéria. Esta consciência transcende o
corpo, sobrevive à sua morte. Chamamo-la alma. A alma, desprendida do corpo, é
o Espírito. O Espírito possui um corpo etéreo, que chamamos períspirito. Este
conhecimento só nos parece difícil de aceitar, porque vivemos numa sociedade
extremamente materialista. Cultuamos o corpo como se fôssemos os nossos corpos.
E tememos a morte porque ela destrói os nossos corpos! Mas não termina a vida.
A vida continua. Os espíritos dos que morreram revelam isso. Basta estudarmos
os casos de mediunidade, mas estudarmos sem preconceito, com a mente aberta. Aprendemos
a rotular aquilo que não conseguimos explicar, como se isto encerrasse a
questão. Espíritos se comunicam? "São alucinações", respondemos! E
deixamos o assunto de lado. Mas não nos perguntamos por que estas alucinações
às vezes provocam efeitos físicos, e por que as alucinações escrevem e assinam
com a letra do morto, por que elas revelam eventos desconhecidos daquele que as
vê e que depois se comprovam verídicos. Enfim, há muita má vontade. Por isso
que Jesus dizia “veja quem tem olhos de ver, ouça quem tem ouvidos de ouvir.”
Se você não quer acreditar em espíritos, nem que um se apresente aqui, neste
momento, você vai acreditar. Mas se você tiver abertura, poderá realmente
descobrir a verdade.
3. Concepção
lúcida de vida eterna: uma coisa maravilhosa que nos revela o Espiritismo é que
a vida continua e não existe inferno. Aliás, inferno é uma metáfora de como
ficamos quando nossa consciência, que é o cerne da vida espiritual, não está em
paz. É uma "queimação", um incômodo que só pode ser desfeito com a
modificação do que nos tirou a paz. Este o motivo da reencarnação. A gente
renasce para aprender o que não foi aprendido. Não se trata de um castigo, mas
de uma oportunidade. O sofrimento é uma oportunidade, uma vez que ele nos alerta
de que existe algo em desarmonia, algo que precisa ser olhado e cuidado. Se a
gente tivesse olhado de princípio, não haveria dor. Mas como negligenciamos
este ou aquele aprendizado, a dor vem e nos convida a realiza-lo. É deste modo
que Deus perdoa: oferecendo sempre novas chances de aprender! A reencarnação é
simplesmente uma nova chance. Tem gente que critica a reencarnação como algo
absurdo, mas não se dá ao trabalho de entender o que se compreende como
reencarnação no Espiritismo. É mais uma vez a má vontade. Acho que todo mundo
tem o direito de não querer conhecer um assunto que lhe incomode, mas ninguém
tem o direito de opinar sem conhecer. Neste caso, a opinião é puro preconceito.
4. Concepção positiva da vida: Tudo isso nos leva a ter uma
visão positiva da vida. Primeiro, porque no Espiritismo partimos da convicção e
que fomos feitos por Deus e, portanto, somos obras-primas. Não existe ninguém
imperfeito, existe quem ainda não exprimiu seu potencial divino. Mas todos
estamos evoluindo no sentido de manifestar a divindade que há em nós. Como diz
uma música espírita: "Um dia todos nós seremos anjos!". Depois, a
Doutrina Espírita, como bem verificou León Denis, nos retira o medo da morte.
Não confundamos isso com desejo de morte. Não se trata de nos tornarmos
adoradores da morte que dão os parabéns a alguém que acaba de perder um ente
querido. De modo algum, nós sentimos vontade de viver neste mundo, porque ele é
uma escola e queremos estar nele, porque aqui temos pessoas amadas, objetivos,
sonhos... Só não nos revoltamos diante da finitude da vida material. Temos
confiança de que há uma vida após a morte, e que nunca, jamais seremos
abandonados num inferno sem remissão. Por último, passamos a nos ver realmente
como irmãos, como seres iguais, compreendendo que ninguém é melhor que ninguém.
Sabemos que o nosso pai de hoje pode ser o amigo de amanhã e o filho pode vir a
ser a mãe, numa outra vida. Estamos todos ligados uns aos outros, como uma
grande família!
Caroline Secundino Treigher é psicologa e espírita de berço e desde os 16 anos dá palestras da doutrina. Hoje atua como trabalhadora no Grupo Espírita Paulo e Estêvão, em Fortaleza, no Ceará.
Veja Também:
.jpg)
0 comentários:
Postar um comentário