O futuro presidente
da República, Jair Bolsonaro (PSL), causou polêmica e virou meme nas redes
sociais na última semana após prestar continência em dois momentos para civis:
primeiro, no Rio de Janeiro, na quarta-feira, durante visita do Conselheiro de
Segurança Nacional dos estados Unidos, John Bolton, assessor do presidente
norte-americano, Donald Trump, e, depois, no domingo, ao repetir o gesto ao
jogador Felipe Melo, do Palmeiras, após a vitória do time sobre a equipe do
Vitória, em São Paulo.
A partida fez parte
da última rodada do Campeonato Brasileiro. Bolsonaro é palmeirense.
Nas Forças Armadas,
prestar continência é uma saudação, representando um sinal de respeito a
pessoas ou a símbolos nacionais, como a bandeira, e também a diversas
autoridades, como presidente e vice-presidente da República, presidentes da
Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF), além de
ministros de estado e representantes de governos estrangeiros.
Ela deve ser feita em
pé, com a movimentação da mão direita em direção à cabeça, com a palma da mão
virada para baixo. O cumprimento também é usado pelas polícias e bombeiros
militares.
O decreto
2.243, de junho de 1997, assinado pelo então presidente Fernando Henrique
Cardoso, explica que, pela continência, “o militar manifesta respeito e apreço
aos seus superiores, pares e subordinados”. Segundo militares e especialistas
ouvidos pelo G1, não significa submissão.
Pelo regulamento, “a
continência parte sempre do militar de menor precedência hierárquica” e, quando
“ocorrer dúvida sobre qual seja o de menor precedência, deve ser executada
simultaneamente”. “Todo militar deve, obrigatoriamente, retribuir a continência
que lhe é prestada”.
“A continência é um sinal de respeito
tipicamente militar, um cumprimento. O cumprimento de aperto de mão começou
para mostrar a mão desarmada; a continência é um ponto diferente, mostra
respeito a quem admiramos, respeitamos. Bolsonaro nada mais está fazendo do que
seguindo suas raízes militares”, diz o coronel da reserva do Exército e
consultor em assuntos de segurança e militar Fernando Montenegro.
Para o oficial, que
serviu na tropa de elite do Exército, o ato está longe de ser submissão. “Quando você
abaixaria diante de um monarca, por exemplo, aí sim um gesto de submissão. A
continência, para o militar, está muito longe de ser um sinal de subserviência.
É um respeito que temos entre nós, além de realizarmos às vezes em relação a
pessoa que a gente tem uma certa admiração e respeito pelo tipo de atividade
que desenvolve”, disse ele.
“Cumprimentar um
civil assim também é perfeitamente cabível. Eu mesmo já fiz isso, quando você
tem muito apreço por alguém, você pode fazer”, afirmou o coronel. Oficiais da
ativa das Forças Armadas de várias patentes também confirmaram à reportagem que
já usaram a continência para civis como sinal de deferência e admiração pelo
trabalho ou forma de atuação.
Como o presidente da
República é o chefe das Forças Armadas, em alguns países, ele também costuma
prestar continência a militares. O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, seguidamente prestava continência a soldados que lhe esperavam ao
desembarcar do porta-aviões ou em bases militares.
Fonte: G1 SP
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