Projeto prioritário do governo e classificado
como o "mais desafiador" pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio
Freitas, a Ferrogrão abrirá espaço para uma expansão de 71,1% na produção de
soja e milho do Mato Grosso em uma década. Com a ferrovia, que promete ligar o
Estado ao Pará, a safra poderia saltar das 63,18 milhões de toneladas
registradas em 2018 para 108 milhões de toneladas em 2028, de acordo com
projeções do Instituto Mato-Grossense de Estudos Agrícolas (Imea).
"E isso, sem derrubar uma árvore", ressaltou Guilherme
Quintella, presidente da Estação da Luz Participações (EDLP), que integra o
consórcio interessado no projeto. Com menor custo logístico, os produtores
teriam condições de expandir a área de produção. Para tanto, poderiam usar
terras hoje dedicadas à pastagem. A área voltada à produção de grãos no Estado
passaria de 14,86 milhões de hectares para 22,26 milhões de hectares.
"A Ferrogrão faz todo sentido e vai ser uma revolução em termos de
agronegócio", disse Freitas em seu discurso de posse. Ele comentou que,
para dar certo, uma ferrovia precisa ter carga. E, no caso do Mato Grosso, a
expectativa é que a produção chegue a 100 milhões de toneladas em 2025.
A questão pendente é financeira. O desafio, disse o ministro, é
construir um bom arranjo societário e de garantias para bancar o investimento,
estimado em R$ 12,7 bilhões.
Freitas pretende enviar os estudos técnicos, econômicos e ambientais do
projeto para o Tribunal de Contas da União (TCU) nos primeiros cem dias do
governo. "Espero que a licitação ocorra o quanto antes", comentou
Quintella.
Trajeto
A Ferrogrão é uma linha de 933 km que ligará Sinop (MT), no coração da
área produtora de grãos do País, até o porto fluvial de Miritituba (PA), de
onde a carga segue em balsas até os portos na região de Belém. Futuramente, a
linha será estendida até Lucas do Rio Verde (MT).
Hoje o percurso da soja do Mato Grosso até Miritituba é feito em
caminhões pela BR-163, que ficou conhecida pelos atoleiros no verão de 2017.
Ela ainda não está totalmente asfaltada. Faltam 51 km. O governo pretende
conceder a rodovia à iniciativa privada por um prazo de até dez anos, até que a
Ferrogrão esteja concluída.
Prazo adicional
O ministro confirmou ainda que pretende prorrogar os contratos de
concessão da Rumo, dois da Vale, da MRS, e da Ferrovia Centro-Atlântica. Em
troca do prazo adicional, eles deverão fazer investimentos. No caso da Estrada
de Ferro Vitória a Minas, por exemplo, será exigida a construção de outra
linha: a da Ferrovia de Integração do Centro-oeste (Fico), ligando Água Boa
(MT) a Campinorte (GO).
Semana passada, Freitas informou por meio da rede social Twitter que
discutiu com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, a construção de
um segmento ferroviário entre Cariacica e Anchieta, "o que representa o
início da EF-118", uma referência à ferrovia Vitória-Rio. É um trecho de
84 km, cujo financiamento ainda está em estudos.

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