A crescente demanda de pacientes tratados
pelos produtos derivados da Cannabis, os canabinoides, pressiona a classe
médica. De 2015 a 2018, o número de profissionais que prescreveram canabinoides
foi de 321 para 911 (alta de 183%), segundo dados da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) reunidos pela Abmedcan, entidade voltada à
formação de médicos sobre o tema.
Mas o total de prescritores ainda é baixo, se comparado ao de pacientes
que já receberam autorização para importar o produto: 4.236, até outubro.
Incertezas sobre as substâncias, dificuldades de delimitar dosagens e
insegurança sobre a legalidade da prática estão entre os motivos da baixa
adesão.
"Meus pacientes que me forçaram a buscar conhecimento. Fui me
atualizando e chegou ao ponto em que não tinha onde ter informação. Fui para
fora do País", diz o neurocirurgião Pedro de Pierro, do Centro de
Excelência Canabinoide, também voltado para formação médica.
A empresa é uma das criadas no último ano para dar cursos e palestras
para médicos sobre a Cannabis medicinal, tratando do passo a passo da
importação e questões jurídicas da prescrição. No País, a Anvisa autoriza
importar o canabidiol em associação com outros canabinoides, para tratamento de
saúde, mediante prescrição de profissional habilitado. É preciso justificar a
opção pelo tratamento e apontar outras terapias realizadas.
Já o Conselho Federal de Medicina (CFM) delimita que só neurologistas,
neurocirurgiões e psiquiatras podem prescrever o canabidiol para crianças e
adolescentes com epilepsias refratárias (resistentes) aos tratamentos
convencionais.
Profissionais de várias especialidades, como oncologistas e
reumatologistas, procuram as formações e também consultoria - a ajuda pode ser
até online. Segundo Carolina Nocetti, cofundadora da Abmedcan, listas de
prescritores circulam na internet e há filas em consultórios desses
especialistas.
Outro gargalo é o custo. Como não é permitido plantar Cannabis no País,
a maioria dos remédios é importada.
Cautela
Para Salomão Rodrigues Filho, psiquiatra e membro do CFM, o debate exige
cuidado. "Sabemos os efeitos terapêuticos, mas não conhecemos os riscos
(do canabidiol). Não sabemos o que vai acontecer com essa criança (submetida ao
tratamento) quando for adulta." A decisão pela delimitação de
especialidades que podem prescrever, diz, é técnica, pois o prescritor precisar
ter conhecimento e experiência sobre a doença.
Questionada sobre a regulamentação da Cannabis para uso medicinal - o
que poderia reduzir preços -, a Anvisa disse que o tema é debatido internamente
e que será criado um grupo de trabalho com outros órgãos.
As
informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
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