O carnaval é festa, alegria e diversão
garantida. Em todo o País, as pessoas costumam aproveitar os dias de folia para
sair com os amigos, os crushes e, por vezes, fazer novos 'contatinhos'. Tudo
isso é bom e fica ainda melhor se, numa relação mais íntima, houver consciência
e prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
O alerta vale para a vida inteira, mas é nesse período do ano que as
campanhas de prevenção se intensificam e os médicos reforçam a necessidade dos
preservativos.
"A incidência [de casos] está mudando, porque há uma mudança de
comportamento da sociedade", aponta o urologista Mauricio Rubinstein,
doutor em medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Helio Magarinos Torres Filho, membro da Sociedade Brasileira de
Patologia Clínica, afirma que "a população em geral acaba 'relaxando'
quanto à prevenção", o que faz aumentar a incidência de doenças que
anteriormente tinham números estáveis, como a sífilis.
Torres Filho afirma que o número de exames laboratoriais para detecção
de ISTs aumenta um pouco depois do carnaval, uma vez que elas se desenvolvem de
sete a 15 dias após o contato. Isso seria um indício de que as infecções podem
se espalhar mais facilmente nessa época festiva.
Sífilis e HIV
Os dois especialistas destacam o aumento de casos de sífilis nos últimos
anos, doença curável, causada por uma bactéria e transmitida por relação sexual
sem camisinha com uma pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou
parto.
Dados do Boletim Epidemiológico de Sífilis 2018, divulgado pelo
Ministério da Saúde, mostram que a taxa de detecção de sífilis adquirida passou
de 14,4 casos em 2012 para 58,1 em 2017 por 100 mil habitantes. Desde 2010 até
junho de 2018 foram notificados 479.730 casos da doença.
"É uma doença que estava estável, é completamente prevenível e
tratável, não teria motivo para aumentar. Isso é devido a pessoas que não se
protegem", justifica o diretor médico.
A infecção pelo vírus HIV e casos de aids também aumentaram nos últimos
anos, aponta outro boletim epidemiológico. De 2007 até junho de 2018, foram
notificados 247.795 casos de infecção. O documento aponta que, entre os homens,
observou-se um incremento na taxa de detecção na faixa de 15 a 19 anos,
passando de três para sete casos, por 100 mil habitantes, entre 2007 e 2017. A
maior taxa em 2017 foi de 50,9 casos entre eles, na faixa de 25 a 29 anos.
Rubinstein afirma que o aumento dessas doenças é observado tanto no
sistema público quanto privado de saúde. "Não são doenças ligadas à
questão socioeconômica, mas comportamental. E a geração mais jovem está
entrando em atividade sexual encarando [as doenças] de forma diferente",
diz o urologista.
Segundo ele, o fato de as ISTs terem tratamento faz com que as pessoas
acreditem que, se forem infectadas, basta tratar, não sendo necessário o uso de
preservativo. Além da sífilis, Rubinstein observa em consultório um aumento no
número de pacientes com HPV e gonorreia nos últimos cinco anos.
Assim como a gonorreia, os especialistas citam a infecção por clamídia
como outra doença cujos registros vêm aumentando. Eles explicam que os casos
são subnotificados e Torres Filho justifica que, no caso das mulheres, nem
sempre há sintomas, o que dificulta o diagnóstico precoce.
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