A operação Descontaminação, que levou o ex-presidente Michel
Temer à prisão preventiva na manhã desta quinta-feira (21-03-19) segue em
andamento, disseram nesta tarde os investigadores da Polícia Federal (PF) e do
Ministério Público Federal (MPF). Segundo a PF, das dez pessoas alvo de pedidos
de prisão preventiva e temporária, duas pessoas seguem sendo procuradas.
Os
procuradores da Operação Lava Jato do MPF do Rio ligaram Temer diretamente aos
casos de corrupção envolvendo a construção da usina nuclear Angra 3, pela
Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras. O ex-presidente da Eletronuclear e
contra-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, que trabalhou no programa
nuclear da Marinha, foi condenado na Lava Jato. "Foi comprovado que a
indicação de Othon foi obra de Michel Temer", afirmou o procurador Eduardo
el Hage, coordenador da Lava Jato no Rio.
Segundo o
procurador, como contrapartida à indicação, o grupo político liderado por Temer
cobrou propina. A ligação entre Temer e o contra-almirante Othon seria
estabelecida pelo coronel João Baptista Lima Filho, reformado na Polícia
Militar de São Paulo, apontado como operador financeiro do ex-presidente por El
Hage.
Segundo a PF,
as investigações apontaram um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro, com
informações também do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e
do Tribunal de Contas da União (TCU), além de outras etapas da Lava Jato, não
apenas no Rio. A propina era paga a Temer pela empresa Argeplan, do coronel
Lima.
"A
ligação entre Argeplan e o círculo de Temer está muito bem comprovado",
afirmou El Hage.
A PF destacou
ainda que as investigações utilizaram elementos de uma delação premiada homologada
pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Já a procuradora da República Fabiana
Schneider destacou que o coronel Lima passou a atuar na Argeplan na década de
1980 e, desde então, o operador atua junto com Temer. "O grupo desbaratado
hoje tem atuação de pelo menos 40 anos", afirmou Fabiana.
Retaliação
El Hage negou
qualquer tipo de relação entre a deflagração da Operação Descontaminação e
eventual retaliação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ao
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
"O
pedido de prisão foi protocolado no dia 15 de março e aceito no dia 19",
afirmou El Hage, destacando que isso foi "anterior a qualquer tipo de
noticiário na imprensa" sobre desentendimentos entre Maia e Moro.
Maia criticou
nesta semana a proposta de emenda constitucional (PEC) de combate ao crime e à
corrupção, elaborada por Moro e enviada pelo governo Jair Bolsonaro ao
Congresso Nacional.
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