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INSS gasta por ano cerca de R$ 640 milhões com o pagamento de benefícios acima
do teto de R$ 5,8 mil. Um levantamento feito a pedido do Estadão mostra que apenas um
beneficiário do Rio de Janeiro, um anistiado político, por exemplo, recebe por
mês uma aposentadoria de R$ 52.661,88, o equivalente a quase 53 salários
mínimos. No total, são 5.239 brasileiros que ganham acima do teto, números que
chamam a atenção em um momento em que se discute o endurecimento das regras da
aposentadoria por conta do rombo bilionário da Previdência.
Os anistiados estão entre as categorias de benefícios que seguem
legislações específicas e que, por isso, não se submetem ao teto, como todos os
aposentados e pensionistas da iniciativa privada. Também estão nesse grupo
ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, aposentadorias e pensões de
ex-ferroviários e de aeronautas. O INSS também concede pensão especial a
portadores da Síndrome da Talidomida, substância comercializada no Brasil e que
acabou ocasionando má formação em bebês quando consumida por gestantes. Os
valores das reparações ficam entre R$ 6,2 mil e R$ 10,1 mil mensais.
Por outro lado, existem pensões previdenciárias por morte,
aposentadorias por tempo de contribuição e por idade que também estão sendo
pagas acima do teto. Uma das pensões é de R$ 33.763,00 ao mês. Esses
benefícios, por sua vez, deveriam estar sujeitos ao limite do regime do INSS e
são alvo de uma reavaliação pelos técnicos do governo.
No caso dos anistiados políticos, há ainda uma questão extra, que o
governo agora tenta reverter: hoje, eles não pagam contribuição previdenciária.
Pela proposta da equipe econômica, eles passariam a recolher nos mesmos termos
aplicados ao regime de servidores civis da União - ou seja, sobre a parcela que
ultrapassa o teto do INSS. Com isso, eles pagariam uma alíquota progressiva que
pode chegar a 22%, quando o benefício exceder R$ 39 mil.
Ao todo, são 378 beneficiários entre aposentados e pensionistas de
anistiados que ganham acima do teto do INSS e passariam a recolher a
contribuição. Eles custam aos cofres públicos R$ 82,8 milhões ao ano.
"Embora não seja um benefício previdenciário, como também não são a
inatividade e pensão militares, é um benefício similar, e, para sermos justos com
todos, também devem contribuir", defende o secretário de Previdência do
Ministério da Economia, Leonardo Rolim.
O Rio é o Estado que mais concentra benefícios acima do teto, com 1.157
beneficiários. Em São Paulo, são 1.125. "Todos os benefícios que não sejam
abrangidos por legislação especial e que estejam sendo mantidos em valores
acima do teto do RGPS estão sendo objeto de análise de conformidade pela
Diretoria de Benefícios do INSS", afirmou o órgão ao Estadão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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