A sambista Beth Carvalho estava internada no
Rio de Janeiro. Ela ficou conhecida carinhosamente como a 'madrinha do samba',
pelos talentos que descobriu e apadrinhou ao longo de sua carreira, como Zeca Pagodinho
e o grupo Fundo de Quintal.
A sambista nasceu Elizabeth Santos Leal de Carvalho, no Rio, em 1946. A
paixão pela música, ela herdou da família. Sua avó tocava bandolim e violão.
Desde criança, ouvia Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso e Aracy de Almeida, que
eram grandes amigos de seu pai e que ele recebia em sua casa. E ali Beth ouvia,
atenta, aos convidados do pai - e à cantoria.
Na adolescência, cantava bossa nova e outros ritmos em festas e, para
ajudar a família, após o pai ser perseguido na ditadura por seus pensamentos de
esquerda, ela passou a dar aulas de violão. Não por acaso, herdou do pai a
postura engajada por toda a vida.
Gravou o primeiro compacto em 1965, com a canção 'Por Quem Morreu de
Amor', de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Nos anos seguintes, seguiu a
trilha dos festivais.
Seu primeiro sucesso foi Andança, de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e
Danilo Caymmi, que ela defendeu no Festival Internacional da Canção, em 1968, e
com o qual conseguiu o 3º lugar. A música também deu título ao seu primeiro LP,
que foi lançado em 1969. Emendou outros sucessos na sua voz, como o hino 'Vou
Festejar', e eternizou 'Coisinha do Pai'.
Mangueirense de coração, foi homenageada por
outras escolas de samba: foi tema de enredo da Escola de Samba Unidos do
Cabuçú, 'Beth Carvalho, a enamorada do samba', em 1984, e recebeu da Velha
Guarda da Portela uma placa comemorativa por ela ter sido a cantora que mais
gravou seus compositores.
Em 2009, no Grammy Latino, ganhou o prêmio Lifetime Achievement Awards,
em celebração à sua carreira. No mesmo ano, precisou fazer uma pausa por causa
de uma fissura na região sacra, que a obrigou a ficar em repouso total. Voltou
aos palcos no dia 19 de fevereiro de 2011, no show de encerramento do evento
Sesc Rio Noites Cariocas. Poucos meses depois, em abril, a cantora se apresentou
em São Paulo e, na ocasião, disse ao Estado que havia se surpreendido consigo
mesma após passar 1 ano e meio convalescendo em cima de uma cama. "Tive
paciência de Jó. Contei com o apoio dos amigos e da família. Toda hora tinha
pagode em casa", contou ela, à época.
Apesar de a cantora se manter na estrada, suas condições físicas foram
piorando. Em 2018, fez apresentações deitada. Por causa das dores, não
conseguia ficar sentada. E emocionou as plateias. No final do ano passado, foi
morar com a filha, a cantora e compositora Luana Carvalho, fruto de seu
relacionamento com o jogador Édson de Souza Barbosa, mais conhecido como Édson
Cegonha.
Beth Carvalho estava internada desde o dia 8 de janeiro, no Hospital
Pró-Cardíaco, em Botafogo, no Rio, onde recebeu amigos para uma animada roda de
samba. Ela tinha mais de 50 anos de carreira e uma discografia de 33 discos e 4
DVDs - e muitos prêmios, homenagens e troféus conquistados ao longo de toda uma
vida dedicada ao samba.

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