A vida é, na verdade, uma corrida de obstáculos, onde
dia, após dia enfrentamos desafios de toda ordem. Muita gente vive na pobreza
material e luta desesperadamente pela sobrevivência física, muitas pessoas
correm atrás de um prato de comida, `as vezes luta contra ratos, urubus e
outros animais para disputar o que outras pessoas desperdiçaram e jogaram no
lixo.
Bilhões no mundo e milhões no Brasil correm em
busca de uma oportunidade de trabalho, do que costumamos dizer do “ganha pão”,
outras tantos lutam contra doenças insidiosas, crônicas e progressivas, ante o
descaso dos governantes e dos sistemas de saúde que estão totalmente sucateados
como em nosso país.
Existem também pessoas, cujos salários acabam
antes do final do mês ou até mesmo nem salário tem e não sabem como irão ou
conseguirão pagar suas despesas, escolas ou universidade dos filhos, das
filhas; existem também aquelas pessoas cujos laços familiares foram destruídos,
pela violência familiar, pelo esfriamento do amor entre casais, pelas traições
que acabam deixando filhos/filhas sem pais ou mães.
Existem ainda pessoas que sofrem de problemas
existenciais e, as vezes, descortinam uma pequena porta, de início, como
possibilidade de curarem seus dramas existenciais, neste caso acabam se
enveredando pelo caminho dos diversos vícios como tabagismo, alcoolismo, tantas
drogas ilícitas, jogos de azar e assim por diante.
Existem ainda milhões de pessoas que, ao envelhecerem,
além do abandono material e familiar, acabam perdendo a memória, as lembranças
do passado e aos poucos o mundo interior e exterior dessas pessoas desaparecem
e seus olhares se perdem no horizonte sem sentido.
Existem também bilhões de pessoas pelo mundo afora
que acabam entrando para as estatísticas dos comedores compulsivos, ou
comedoras compulsivas, que assaltam as geladeiras, da mesma forma que políticos,
empresários e gestores corruptos assaltam os cofres públicos. As estatísticas
da Organização Mundial da saúde bem atestam a gravidade dos problemas da
obesidade e do sobre peso, que atingem inclusive quase um terço da população
infantil e de jovens.
Existem também milhões de pessoas que sofrem do
que podemos denominar de doenças e dores da alma, como depressão, ansiedade,
decepção, raiva, tristeza, doenças e obstáculos muito piores do que as mazelas
econômicas, financeiras ou materiais. Muitas dessas pessoas não tem condições
de se tratarem e acabam definhando, levando boa parte ao suicídio, a pior forma
de violência que pode existir.
O mundo, os países, nossas cidades, nossas
comunidades, nossos lares só estarão livres desses obstáculos na caminhada das
pessoas quando nos tornarmos mais humanos, mais verdadeiros, mais justos, mais
amigos/amigas, mais solidários, mais fraternos, e, acima de tudo, cumprirmos,
de fato, o grande mandamento que Jesus nos ensinou que é “ amar a Deus sobre
todas as coisas e nosso próximo como a nós mesmos”.
Quem não ama as pessoas com as quais mantém laços
e relações de qualquer natureza, seja de trabalho, amizade, vizinhança, convivência,
casamento, namoro ou outras não pode dizer que ama verdadeiramente a Deus. Os
textos sagrados atestam quando afirmam “se você não consegue amar e tratar bem,
respeitar a dignidade do próximo que está ao seu lado, física ou nos tempos
modernos, virtualmente, a quem ve, ouve, fala; como vai amar a Deus a quem não
vê com seus olhos físicos?”.
Existe um pensamento de autor desconhecido que diz
“Pense nas atitudes antes de tomá-las, porque pedir perdão é lindo, mas evitar
machucar quem te ama é mais lindo ainda. Você não tem que perder para dar valor
`as pessoas que você ofendeu, tem que dar valor antes de ofender, de magoar, de
pisar, para não perde-las jamais”.
Só vamos conseguir mudar o mundo, sarar as mazelas
que nos cercam quando conseguirmos nos purificar e curar nossas feridas
interiores, as feridas da alma. Ai sim, podemos iniciar a construção de um
mundo melhor, uma sociedade justa, sustentável, desenvolvida, que podemos
denominar de a sociedade do bem viver, onde todos podem viver em paz, com a
verdadeira alegria e não a alegria e sorrisos falsos, de conveniência, que
tentam enganar tanto `as demais pessoas como `as vezes a sim mesma ou mesmo!
Se você, caro leitor, prezado leitora não pode
ajudar outras pessoas a curarem suas dores interiores, o que chamo de dores da
alma, evite, pelo menos de fazer as outras pessoas sofrerem mais ainda, não
construa mais obstáculos na caminhada dessas pessoas, se assim fizeres já será
um grande passo para consolar os que sofrem interiormente. Isto não é difícil,
basta trocar a falsidade pela verdade, a omissão pela solidariedade verdadeira
e libertadora; o materialismo e a ganância pela fraternidade, não custa muito,
vale a pena tentar, a partir de hoje!
JUACY DA SILVA, é professor universitário aposentado.
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