A anorexia faz parte dos transtornos
alimentares, sendo uma síndrome caracterizada por três critérios
essenciais. No primeiro deles, ocorre um distúrbio do comportamento onde a
pessoa passa a uma inanição induzida por ela mesma até um grau significativo.
No segundo critério, há uma busca incessante por magreza ou um medo mórbido de
engordar, constituindo-se em uma psicopatologia, e no terceiro, existe a
presença de sinais e sintomas resultantes da inanição, gerando alterações no
organismo.
Em grande parte dos pacientes com anorexia existe uma percepção da
imagem corporal dissonante da realidade, ou seja, a pessoa apesar de obviamente
estar em estado de inanição se acha gorda. Porém, esta
característica por si só não leva ao diagnóstico da doença, podendo estar
ausente em algumas pessoas com anorexia. A doença é muito mais comum nos homens
do que entre as mulheres, sobretudo em jovens. Ela começa geralmente
durante a adolescência ou na idade adulta jovem e rara-mente se inicia antes
da puberdade ou depois dos 40 anos.
O início desse transtorno costuma estar associado a um evento de vida
estressante, como deixar a casa dos pais para ingressar na universidade. O
curso e o desfecho da anorexia nervosa são altamente variáveis. Indivíduos
mais jovens podem manifestar aspectos atípicos, incluindo a negação do “medo
de gordura”. Indivíduos mais velhos tendem a ter duração mais prolongada da
doença, e sua apresentação clínica pode incluir mais sinais e sintomas de
transtorno de longa data. Os clínicos não devem excluir anorexia nervosa do
diagnóstico diferencial com base apenas em idade mais avançada.
Muitos indivíduos apresentam um período de mudança no comportamento
alimentar antes de preencherem todos os critérios para o transtorno. Alguns
com anorexia nervosa se recuperam inteiramente depois de um único episódio,
alguns exibem um padrão flutuante de ganho de peso seguido por recaída, e
outros ainda experienciam um curso crônico ao longo de muitos anos.
A hospitalização pode ser necessária para recuperar o peso e tratar
complicações clínicas. A maioria dos indivíduos com anorexia nervosa sofre
remissão dentro de cinco anos depois da manifestação inicial do transtorno.
O desfecho da anorexia nervosa varia de uma recuperação espontânea, a um
curso com aumento e diminuição na intensidade, até a morte. O falecimento
resulta mais comumente de complicações clínicas associadas ao próprio
transtorno ou de suicídio.
Alguns fatores de risco que contribuem para a ocorrência do transtorno
são:
Temperamentais. Indivíduos
que desenvolvem transtornos de ansiedade ou exibem traços obsessivos na
infância estão em risco maior de desenvolver anorexia nervosa.
Ambientais. Através
de sua associação com culturas e contextos que valorizam a magreza, o que
justifica o grande número de casos na atualidade. Existem fatores relacionados
ao trabalho em ocupações que incentivam a magreza, como modelo e atleta de
elite, que também estão associados a um risco maior.
Genéticos e fisiológicos. Existe
risco maior de anorexia e bulimia nervosas entre parentes biológicos de
primeiro grau de indivíduos com o transtorno.
Na verdade, indivíduos com anorexia nervosa com frequência carecem de
insight ou negam o problema. É, portanto, importante obter informações de
familiares ou de outras fontes para avaliar a história da perda de peso e
outros aspectos da doença.
Aproximadamente metade das pessoas anoréxicas irá perder peso
reduzindo de forma drástica sua ingestão alimentar. A outra metade não só
fará dieta, como também se envolverá com regularidade em compulsão
alimentar seguida de comportamentos purgativos (forçar vômitos, usar laxantes
ou diuréticos). Alguns pacientes rotineiramente purgam depois de ingerir
pequenas quantidades de comida. Caso apresente alguns dos sintomas acima, é
importante buscar auxílio médico e psicológico.
Carlos Eduardo Reis é médico e cirurgião-dentista, com
pós-graduação em educação, psiquiatria e medicina do trabalho, além de escritor, coach e
palestrante
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